Sete, depois.

Tanta coisa acontece num segundo, já passaram mais de 220 milhões de segundos.

Lisboa, 2017, o regresso após um ano de recarga. Tudo começou com um sonho maior do que a capacidade de ver a complexidade da criação. Para as crianças tudo é possível porque apenas vemos o resultado final, sem todos os desafios para que isso aconteça.

A ideia partiu da experiência de trabalhar como freelancer. Todas as plataformas são os seus próprios silos, tendo de saltar de plataforma em plataforma para trabalhar (e sim, ainda é a experiência normal, com algumas melhorias no horizonte com IA). Daí surgiu a ideia de um Coletivo de Criativos que construísse e apoiasse um centro profissional unificador. Seria dividido em três áreas superiores:

  1. Divulgação: Módulos, temas e interface visual de fácil utilização para a criação de website, loja online, aplicação, bem como cartões de visita, flyers, etc.
  2. Gestão: Listas de tarefas a realizar, atribuição de tarefas, agendamento, organização por temas/áreas, discussão/brainstorming, atribuição de prioridades, etc.
  3. Apoio: Mensagens, pedidos de ajuda/informação, partilha de conteúdos específicos, rede de conhecimento, etc.

Como fazer? Ampliar o meu Estúdio de Design+Desenvolvimento e financiar o desenvolvimento com trabalho para clientes, ao mesmo tempo estando atento a programas de Empreendedorismo/Aceleração.

Metacosmic V1, 2016

O estúdio foi inicialmente chamado de “Criature”, mas bloqueado devido a direitos de autor. Acabámos por optar por “Metacosmic” e registámos a marca em 2016. O significado é “aquilo que está entre o micro e o macro cosmos”, de certa forma, todos os detalhes entre as partes.

Felizmente, conseguimos grandes leads no primeiro ano e também descobrimos e entrámos num programa de empreendedorismo chamado “EmpreendeJá” no final de 2016, no qual fomos aceites. Isto permitiu desenvolver ainda mais a ideia durante 2017 e 2018.

Durante o “EmpreendeJá”, decidimos também tornar mais evidente a vertente Hub do projeto, iniciando um processo de rebranding e redefinição em conjunto com o programa.

No final do “EmpreendeJá”, tínhamos de produzir e entregar um Plano de Negócios sólido para os próximos 3 anos. Se fossemos selecionados como um dos vencedores, com um investimento de 10 mil euros, teríamos de atingir os marcos de crescimento definidos nos próximos dois a três anos.

Fomos selecionados e, assim, iniciámos a todo o vapor a construção da “Metacosmic”, ao mesmo tempo que realizávamos trabalhos para clientes para suportar o seu desenvolvimento.

0:20s para um mock-up
O antigo site foi atualizado com a nova imagem, mas manteve a mensagem antiga

Em abril de 2018, foi lançado outro programa empreendedor muito interessante que permitiria a duas pessoas receber um salário mensal durante um ano. Começámos a pensar que uma fatia da plataforma Metacosmic poderia ser separada e ser um projeto próprio, e utilizar partes da mesma tecnologia em ambos. Essa parte foi o construtor de sites, imaginem uma mistura de Webflow, WordPress baseado em blocos e Notion. A tecnologia subjacente necessária poderia funcionar para uma aplicação de criação de conteúdos orientada para dispositivos móveis, uma história do Instagram em esteróides, que também teria reconhecimento de localização, e assim nasceu a “Placesum”. A nomenclatura fundiu o conceito de “lugar” com “soma” – acrescentar, portanto, acrescentar coisas a um lugar.

Candidatámo-nos ao programa “Startup Voucher” e fomos aceites. Com isto, tivemos duas pessoas, uma Marketeer e uma Gestora de Projeto/Editora de Conteúdos de Vídeo, a juntarem-se à equipa em outubro/novembro de 2018.

Uma ideia de marketing para promover o aspeto criativo da app #upmixit
Baby Psy faz a sua aparição

Até ao final do ano e início de 2019, trabalhámos arduamente na construção da Placesum, atingindo os marcos do programa e fazendo networking para reunir interesse e, esperávamos, investimento para o projeto.

Em março, lançámos o nosso site, tínhamos alguns protótipos iniciais a funcionar e apurámos ainda mais a ideia em algo que pudesse ser útil e interessante para os utilizadores/empresas e pudesse ser escalado. Por exemplo, verificámos que existiam muito poucas aplicações/plataformas que promoviam atividades ou negócios locais (ainda não temos muitas assim) e decidimos colocar mais foco nesse aspeto.

Enquanto isto, tinha de continuar a trabalhar na Metacosmic para o programa “EmpreendeJá”, a fazer trabalho de cliente e a construir a plataforma. (Podem perceber o quanto eu estava espalhado; na altura pensava que conseguia fazer qualquer coisa em pouco tempo, a realidade é que ninguém consegue).

No verão, tivemos o nosso primeiro teste público de uma versão alfa para recolher feedback e futuros beta-testers, bem como algumas atividades e conteúdos de marketing fora-da-caixa.

Visita a página de Instagram para mais.

As coisas estavam a começar a andar e pretendíamos lançar uma versão beta até ao final do ano, tendo reunido algumas parcerias importantes que nos permitiriam promover e testar a aplicação nos seus negócios e eventos.

Candidatámo-nos também a um programa de aceleração “Tourism Explorers” que testaria a nossa ideia e nos colocaria em contacto com mentores e investidores. Em setembro fomos aceites e começámos o programa.

Durante a aceleração, recebemos muitos comentários e feedback relevante. É muito útil ouvir perspetivas externas quando se está a trabalhar há tanto tempo em algo.

Ótimo exemplo de como tentar passar demasiada informação num pitch de 4 minutos

Podem ver o meu pitch final e feedback do júri no vídeo acima. Resume muito bem o estado do projeto no final de outubro de 2019.

A seguir, podem ver alguns vídeos da app pre-beta, bugs incluídos.

No mês seguinte, tivemos muitas sessões retrospetivas, olhando para trás, para o estado do projeto e quais os caminhos que tínhamos, se era necessário ou até possível um pivot, uma vez que o “Startup Voucher” terminaria e assim perderíamos o salário mensal de dois dos membros da equipa, sem os poder suportar com o trabalho para clientes que chegava à “Metacosmic”.

Decidimos por fim minimizar o tempo alocado e colocar mais foco na “Metacosmic”, que estava a trazer novos clientes e a continuar a crescer.

Nesses dois meses, decidimos refazer o site da “Metacosmic” e relançá-lo, posicionando o projeto também como um Venture Studio que estava a construir novos produtos.

Última versão do site da Metacosmic

Infelizmente, em dezembro tive graves problemas familiares e tive de repensar o meu futuro. Em janeiro de 2020, trabalhei arduamente a tentar encontrar clientes, mas finalmente tive de tomar a decisão de juntar-me a uma equipa maior. Achei também que seria bom para mim, tendo até agora trabalhado maioritariamente sozinho ou com equipas muito pequenas (2-5).

Felizmente, não tive de procurar muito e descobri a Angry Ventures. Candidatei-me a diversas funções lá, num esforço para expressar o quão versáteis eram as minhas capacidades e fui aceite para um teste, que em muito pouco tempo se transformou num contrato sem termo.

A Covid-19 chegou a Portugal e foi engraçado ver que a nossa plataforma baseada na localização estaria em maus lençóis se continuássemos a desenvolvê-la a tempo inteiro. Neste momento decidimos terminar o projeto, por não termos tempo para pivotar ou dedicar o tempo necessário para finalizar a versão atual que estaria condenada.

No ano seguinte, até abril de 2021, estive na Angry Ventures. Aprendi muito lá e estarei eternamente grato a todos com quem me cruzei. Foi com o coração apertado que decidi sair e procurar um novo desafio.

Durante este período, o projeto “Metacosmic” foi arquivado porque estava dedicado a tempo inteiro à Angry Ventures e não tinha o tempo desejado para continuar o desenvolvimento do projeto.

Também mudei-me de Lisboa para o Porto no final de 2020 e, em Março/Abril de 2021, descobri que uma empresa do Porto em que já tinha estado interessado estava a recrutar. Descobri a Pixelmatters ao mesmo tempo que a Angry Ventures, mas a Pixelmatters não contratava remotamente na altura e eu estava a viver em Lisboa. Candidatei-me e fui aceite para um teste de alguns meses que se transformou num contrato sem termo pouco tempo depois.

Nos três anos seguintes, até este ano, estive na Pixelmatters, passei de Creative Engineer de nível médio para Sénior, e trabalhei com pessoas incríveis que me permitiram crescer ainda mais como pessoa e profissional. Também serei eternamente grato por todos os gigantes humanos que se cruzaram no meu caminho por lá.

Em março, deixei a Pixelmatters para recarregar energias e trabalhar em mim próprio; estava na hora de começar um novo capítulo. Após alguns meses de pausa, juntei-me à marca familiar chamada Serrestre, para a ajudar a crescer, melhorar processos e expandir as suas ofertas. É um regresso às minhas aventuras empreendedoras e uma excelente forma de regressar lentamente a este tipo de vida, ao mesmo tempo que adiciono produtos físicos ao meu conjunto de ferramentas.

Vídeo promocional para lançar o site renovado
Video a mostrar os Troféus

Porquê escrever isto? Finalmente consegui tempo e energia para fazer um novo site para as minhas coisas. Sabia que o perfeito não iria acontecer, por isso aceitei só deixar feito. De certa forma, sinto que ao longo destes sete anos fiquei hipnotizado pelo tempo que passava, ou pela necessidade e vontade de subir uma escada invisível, ou apenas por ter encontrado conforto numa versão minimizada do existir para não lidar com tudo o que se passou na minha vida pessoal.

É bom olhar para trás e refletir sobre as lições que podemos aprender com o passado, acabamos por perceber que parte da vida é apenas um jogo em que temos de decidir o que realmente importa.

Aos próximos sete anos!

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Tenho a missão de ajudar os outros. Vamos conversar e ver como e se posso ajudar o seu negócio a crescer. O que realmente importa é o trabalho honesto e bem feito.